A pauta do dia são os alôs. Mais uma das insanidades francesas, onde você meio que compra o voto das pessoas indo fazer propaganda eleitoral pessoalmente na casa delas.
A gente vê de tudo nos alôs, desde gente que só quer comida até alguns que ligam dizendo que não querem nada, só que alguém vá até a casa deles pra discutir e trocar uma idéia sobre a campanha e os planos da chapa.
Pra fazer toda a comida que levaríamos pra casa das pessoas, precisávamos de um quartel general, que acabou sendo a minha casa. Foi uma semana sem armário, sem cozinha ,com o quarto entulhado com o estoque e um cheiro ultra-forte de fritura e crepes. Aliás, não consigo nem olhar pra um crepe agora.
Além desse QG tínhamos um segundo no centro, com as linhas telefônicas ("hotlines") pra fazer a logística e a comunicação entre todos os grupos. As hotlines são montros horríveis, são telefones que não param de tocar pra pedir coisas e reclamar que estamos atrasados! Como tenho um plano ilimitado usaram meu telefone, então as vezes eu recebia ligações durante o dia de gente querendo comida. Especialmente a fanfarra, eles estavam um porre essa semana.
Outro detalhe importante dessa época é o cansaço. No começo parece que está tudo bem, mas no fim da semana a cabeça começa a explodir, todo mundo acaba ficando estressado e as vezes gritando com os outros. É uma oportunidade ótima de descobrir os problemas de se trabalhar em equipe. Lá pela quarta a gente já sabia com quem a gente podia contar e quem não estava nem ligando.
Bom, sigamos para os alôs propriamente ditos.
Na terça, primeiro dia, eu fiquei na residência, em dupla com a chinesa (Xiashuang ou Léa, seu nome francês). Foram poucas ligações, todos estavam mortos do Tonus da véspera. Como temíamos, fomos chamados por listas de outros bureaus. Em uma das casas rolou um BlindTest e na outra queriam que a gente dançasse enquanto eles faziam algo parecido com o Harlem Shake. Já é estranho, mas ficou ainda pior quando descobrimos que não estavam filmando nem nada.
Quarta-feira foi o dia da nossa festa. Não fizemos alôs, e eu pude me recuperar um pouco do cansaço. Foi o único dia em que eu não tive que correr com nada na última hora, a Barbara, nossa querida vice, foi perfeita em termos de organização, tudo foi perfeito, e estava ultra cheio. Duas bandas tocaram, fizemos um stand de fotos muito bom, e tinha uma mesa de blackjack com camisinhas e pirulitos de prêmio, sensacional. Aliás, fizemos camisinhas da lista, com logo e tudo, sensacional!
Quinta eu fui pro centro de carro. Enquanto na Rez a gente recebe muitas ligações mas fica pouco tempo, no centro uma chamada costuma demorar pelo menos uma hora. Nesse tempo conversamos, falamos do programa, muitas vezes jogamos... Alguns de nós inclusive ficaram bem bêbados no caminho, ficando destruídos por aí.
Enfim, minha dupla foi o meu parça futuro coloc Lachaud, fomos fazer o "Allo Shaker" - fazer drinks na casa da galera. Fizemos três casas, sendo que na terceira ficamos quase até as 4h. Passamos no clube de vídeo da école, na fanfarra e a última casa era de uma lista de BDS do ano anterior, os CA'SPORT. Encontramos a Chloé dos Smart'ease lá, mas ela logo partiu. Nós ficamos um bom tempo, acabou que estávamos quase brothers dos caras. Aliás, acharam que eu era belga.
Sexta eu fiquei no centro de novo, mas a pé com a Caro. Ela canta MUITO, é incrível o poder que ela tem de convencer as pessoas a votar na gente só cantando. Bastava tirar o violão da capa que a conversa acabava e todos ficavam atônitos olhando pra ela, babando. Fomos numa casa do atual BDE onde tinha uma outra menina que surpreendeu muito cantando, foi incrível!! Mais nada de tão incrível essa noite.
Agora sim, pra terminar, um relato nada breve do fim-de-semana. Pra começar, como eram 36h direto, fizemos um esquema de revezamento 4/8. Dormimos 4h e trabalhamos 8h. Pena que não funcionou muito.
Abriríamos as linhas as 18h, então parti para o centro as 17h30. Eu dormiria a partir das 20h, então eu e a Caro partimos pros nossos primeiros allôs. Eu voltei pra dormir as 20h, fizemos só 2 colocs. No QG (daqui em diante chamado pelo nome carinhoso de Sofitel), dormi como um bebe até a meia-noite. Me acordaram, lavei o rosto e parti, novamente com a Caro. Nessa noite, o que mais me chamou a atenção foi a casa dos jogadores de Rugby (ou rugbeux, como chamamos eles). Eles estavam em 20, ultra-bebados, a casa tava um nojo. Não fomos os únicos a passar por lá, parece que eles fizeram pelo menos umas 4 ligações pra gente. Mas a melhor nem foi a ligação da madrugada, e sim a da manhã. Logo chego lá.
Depois de umas três chamadas, voltamos para o Sofitel, já que não tinha mais pedidos. Ficamos cozinhando, já que os crepes tinham acabado.
Finalmente, depois de uma noite sem nenhuma chamada até as 6h55, eis que recebemos uma ligação MITICA dos rugbeux: "Queremos camarão no café da manhã, às 8h. O mercado municipal está aberto, vão lá e nos tragam, nós pagamos". Não estava na nossa lista, mas como não tínhamos ninguém pra atender, fomos lá pra essa chamada um tanto quanto bizarra.
Passamos no Talensac, o mercado ainda estava se organizando, só tinha a gente comprando.
Chegando no 19 Rue Kervegan, lá estavam os mesmos caras que vimos a noite, ainda de pé, malucos porque não acreditavam que viríamos. Foram pra sala e logo começaram a comer os camarões. SEM COZINHAR NEM FRITAR. Isso que eles estavam tão frescos que ainda se moviam, muito tenso!! E ainda ofereciam pra gente, situação bizarra nível máximo. Frase do dia: "Mas porque esse aqui tá quente?", de um rugbeux quando provou um camarão que um dos caras tinha ido fritar.
O mais bizarro é que até as meninas entram na onda, é muito porco.
Voltamos pra fazer nosso turno de soneca, supostamente das 8h às 12h. No fim, como quase não tinha ligações, só na rez, ficamos dormindo, jogando cartas... Descobri que eles adoram presidente, e que também falam "cu" e "vice-cu", muito engraçado.
No domingo só fiz um outro alô, com o Paul, na casa de 2 caras que fumavam que nem chaminés. Levamos café da manhã pra eles, às 17h , imagine só.
Continuamos a toa, em número cada vez maior, já que quem tinha chamada ia voltando e ficando no QG. Esperávamos que chegasse meia-noite pra parar de vez com essa loucura de não dormir direito e nem comer direito. Mas como somos loucos, ao invés de só irmos embora, quando deu a hora chegaram dois caras com caixas de som hiper-potentes e então ainda ficamos mais uma meia hora zuando na casa do cara.
O mais legal foi mudar o tom da secretária eletrônica, ficou muito engraçado! Fizemos uma mensagem de agradecimento, e ainda fizemos o som da companhia de trens e colocamos "SNCF e seus parceiros esperam que tenha feito uma ótima viagem".
A gente vê de tudo nos alôs, desde gente que só quer comida até alguns que ligam dizendo que não querem nada, só que alguém vá até a casa deles pra discutir e trocar uma idéia sobre a campanha e os planos da chapa.
Pra fazer toda a comida que levaríamos pra casa das pessoas, precisávamos de um quartel general, que acabou sendo a minha casa. Foi uma semana sem armário, sem cozinha ,com o quarto entulhado com o estoque e um cheiro ultra-forte de fritura e crepes. Aliás, não consigo nem olhar pra um crepe agora.
Além desse QG tínhamos um segundo no centro, com as linhas telefônicas ("hotlines") pra fazer a logística e a comunicação entre todos os grupos. As hotlines são montros horríveis, são telefones que não param de tocar pra pedir coisas e reclamar que estamos atrasados! Como tenho um plano ilimitado usaram meu telefone, então as vezes eu recebia ligações durante o dia de gente querendo comida. Especialmente a fanfarra, eles estavam um porre essa semana.
Outro detalhe importante dessa época é o cansaço. No começo parece que está tudo bem, mas no fim da semana a cabeça começa a explodir, todo mundo acaba ficando estressado e as vezes gritando com os outros. É uma oportunidade ótima de descobrir os problemas de se trabalhar em equipe. Lá pela quarta a gente já sabia com quem a gente podia contar e quem não estava nem ligando.
Bom, sigamos para os alôs propriamente ditos.
Na terça, primeiro dia, eu fiquei na residência, em dupla com a chinesa (Xiashuang ou Léa, seu nome francês). Foram poucas ligações, todos estavam mortos do Tonus da véspera. Como temíamos, fomos chamados por listas de outros bureaus. Em uma das casas rolou um BlindTest e na outra queriam que a gente dançasse enquanto eles faziam algo parecido com o Harlem Shake. Já é estranho, mas ficou ainda pior quando descobrimos que não estavam filmando nem nada.
Quarta-feira foi o dia da nossa festa. Não fizemos alôs, e eu pude me recuperar um pouco do cansaço. Foi o único dia em que eu não tive que correr com nada na última hora, a Barbara, nossa querida vice, foi perfeita em termos de organização, tudo foi perfeito, e estava ultra cheio. Duas bandas tocaram, fizemos um stand de fotos muito bom, e tinha uma mesa de blackjack com camisinhas e pirulitos de prêmio, sensacional. Aliás, fizemos camisinhas da lista, com logo e tudo, sensacional!
Quinta eu fui pro centro de carro. Enquanto na Rez a gente recebe muitas ligações mas fica pouco tempo, no centro uma chamada costuma demorar pelo menos uma hora. Nesse tempo conversamos, falamos do programa, muitas vezes jogamos... Alguns de nós inclusive ficaram bem bêbados no caminho, ficando destruídos por aí.
Enfim, minha dupla foi o meu parça futuro coloc Lachaud, fomos fazer o "Allo Shaker" - fazer drinks na casa da galera. Fizemos três casas, sendo que na terceira ficamos quase até as 4h. Passamos no clube de vídeo da école, na fanfarra e a última casa era de uma lista de BDS do ano anterior, os CA'SPORT. Encontramos a Chloé dos Smart'ease lá, mas ela logo partiu. Nós ficamos um bom tempo, acabou que estávamos quase brothers dos caras. Aliás, acharam que eu era belga.
Sexta eu fiquei no centro de novo, mas a pé com a Caro. Ela canta MUITO, é incrível o poder que ela tem de convencer as pessoas a votar na gente só cantando. Bastava tirar o violão da capa que a conversa acabava e todos ficavam atônitos olhando pra ela, babando. Fomos numa casa do atual BDE onde tinha uma outra menina que surpreendeu muito cantando, foi incrível!! Mais nada de tão incrível essa noite.
Agora sim, pra terminar, um relato nada breve do fim-de-semana. Pra começar, como eram 36h direto, fizemos um esquema de revezamento 4/8. Dormimos 4h e trabalhamos 8h. Pena que não funcionou muito.
Abriríamos as linhas as 18h, então parti para o centro as 17h30. Eu dormiria a partir das 20h, então eu e a Caro partimos pros nossos primeiros allôs. Eu voltei pra dormir as 20h, fizemos só 2 colocs. No QG (daqui em diante chamado pelo nome carinhoso de Sofitel), dormi como um bebe até a meia-noite. Me acordaram, lavei o rosto e parti, novamente com a Caro. Nessa noite, o que mais me chamou a atenção foi a casa dos jogadores de Rugby (ou rugbeux, como chamamos eles). Eles estavam em 20, ultra-bebados, a casa tava um nojo. Não fomos os únicos a passar por lá, parece que eles fizeram pelo menos umas 4 ligações pra gente. Mas a melhor nem foi a ligação da madrugada, e sim a da manhã. Logo chego lá.
Depois de umas três chamadas, voltamos para o Sofitel, já que não tinha mais pedidos. Ficamos cozinhando, já que os crepes tinham acabado.
Finalmente, depois de uma noite sem nenhuma chamada até as 6h55, eis que recebemos uma ligação MITICA dos rugbeux: "Queremos camarão no café da manhã, às 8h. O mercado municipal está aberto, vão lá e nos tragam, nós pagamos". Não estava na nossa lista, mas como não tínhamos ninguém pra atender, fomos lá pra essa chamada um tanto quanto bizarra.
Passamos no Talensac, o mercado ainda estava se organizando, só tinha a gente comprando.
Chegando no 19 Rue Kervegan, lá estavam os mesmos caras que vimos a noite, ainda de pé, malucos porque não acreditavam que viríamos. Foram pra sala e logo começaram a comer os camarões. SEM COZINHAR NEM FRITAR. Isso que eles estavam tão frescos que ainda se moviam, muito tenso!! E ainda ofereciam pra gente, situação bizarra nível máximo. Frase do dia: "Mas porque esse aqui tá quente?", de um rugbeux quando provou um camarão que um dos caras tinha ido fritar.
O mais bizarro é que até as meninas entram na onda, é muito porco.
Voltamos pra fazer nosso turno de soneca, supostamente das 8h às 12h. No fim, como quase não tinha ligações, só na rez, ficamos dormindo, jogando cartas... Descobri que eles adoram presidente, e que também falam "cu" e "vice-cu", muito engraçado.
No domingo só fiz um outro alô, com o Paul, na casa de 2 caras que fumavam que nem chaminés. Levamos café da manhã pra eles, às 17h , imagine só.
Continuamos a toa, em número cada vez maior, já que quem tinha chamada ia voltando e ficando no QG. Esperávamos que chegasse meia-noite pra parar de vez com essa loucura de não dormir direito e nem comer direito. Mas como somos loucos, ao invés de só irmos embora, quando deu a hora chegaram dois caras com caixas de som hiper-potentes e então ainda ficamos mais uma meia hora zuando na casa do cara.
O mais legal foi mudar o tom da secretária eletrônica, ficou muito engraçado! Fizemos uma mensagem de agradecimento, e ainda fizemos o som da companhia de trens e colocamos "SNCF e seus parceiros esperam que tenha feito uma ótima viagem".
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